quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

ela.



no inicio tudo era massa turva,
neblina pura,
então tornou-se chuva,
mas esta já não era doce, como as outras,
as gotas
da chuva eram amargas,
secas, sem cor ou ternura.
Com muito gosto tentei esquecer a amargura de tudo isto,
mas não podia, porque logo vinha,
a doce calmaria...
um doce riso,
um beijo e tudo era reflexo... sobras da outrora neblina,
sombras
daquilo que eu tanto me esforcei para apagar,
mas que, como a maré, também retornam
e chocam
sobre a areia opaca.

São trabalhos incompletos de alguém que não deseja
o fim dá obra,
porque sabe ser incapaz de alcançar a perfeição
que é esta obra inconsequentemente inacabada.

Passos sobre a areia,
que logo quando a maré chegar se apagarão,
e diante do cenário das ondas,
formam uma belíssima imagem de dois tempos,
o momento em que se faz as pegadas e as marcas sobre a areia,
e o momento em que o mar cobre as marcas com seu véu
e leva para o fundo as sobras de doces lembranças,
que somente ele compartilha, pois esteve lá, acompanhando o momento,
esperando sua vez de agir
ao nosso favor e apagar nossos vestígios
que são só nossos e de ninguém mais.

(meus cumprimentos a felipe spider, belíssima imagem)

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