segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

peter pan


quem desejou a morte do próximo, mas jamais admitiu?
foi eu, foi tu?
quem amou as cegas, mas jamais descobriu o amor?
quem foi?
em meu amor?
quem foi...

eu fui
até lá e cá,
sonhei que era,
menti, sorri...
e hoje não me arrependo.
Somos vigaristas.
ah... sim, sim... somos muito vigaristas,
mas ainda assim sou eu e amo tu,
que está lendo,
esta porcaria aqui?!
me dê um tostão e faço dele dois,
sim te quero muito,
mas a vida vadia me chama,
imagina só quantos amores
eu já perdi, só a espera do dizer que tu me amas...

JÁ CHEGA,
disse o picareta a puta,
quero meu tostão e aborta esse menino,
estas gorda, vamos logo.

e no fim do dia o por-do-sol alcançou o ponto
mais belo
e o vigarista sentiu-se calmo e tranqüilo,
por um curto momento antes de ir para casa,
para se trocar, a puta sentiu esperança
e a criança que mendigava imaginou
como seria bom ter pais
e isto o fez sorrir.


segunda-feira, 1 de novembro de 2010



gotas d'água sobre a fumaça,
eu vi um passarinho pousar sobre uma gaiola
e desejar estar lá dentro,
eu vi uma mocinha sorrir, pois poderia ficar em casa.
eu dormi sobre a mesa e perdi a hora,
então caminhando por entre alguns becos,
vi uma esfinge e ela me perguntou porque eu estava lá,
respondi que não sabia e ela não me disse se a resposta era certa.

Então continuei caminhando e vi tudo se repetir,
mas desta vez não sabia se estava realmente lá,
então... pedi para que tudo se repetisse mais uma vez
para ver onde realmente errei, mas só o que eu senti
foi medo, pois eu não me via mais diante de tudo aquilo lá,
e mais uma vez,
a esfinge me apareceu e me perguntou, se eu desejava continuar,
mas ela não esperou a resposta,
então olhei para trás e me perguntei "porque não repetir mais uma vez?"
e a esfinge me perguntou "porque o passarinho gosta da gaiola?"

""e se""
Disse eu e ela.

Satisfeitos com a resposta.



terça-feira, 5 de outubro de 2010




ouvi os vagões se encaixarem em um ato de puro companheirismo
e as primeiras peças se mexerem com um certo acanhamento,
e as primeiras pessoas a entrarem no vagão em meio a chamada final...
ah... doces lembranças de despedida e reencontros,
todas pequenas lembranças daqueles que conheci,
que vagaram comigo e sentaram ao meu lado,
sobre a janela vi lembranças antigas, meu passado leal
a estes trilhos que me parecem mais conhecidos e intransponíveis,
alem de gastos, sobre este vagão já escuro vejo-me disforme
e esquecido, submerso em meu passado ainda feliz,
ainda inocente, ainda criança insegura e sem consciência de tudo que fez.

e o vagão de carga é bem diferente dos outros em que já fiquei,
não sei se salto agora, mas não posso esperar até que alcance a próxima estação,
regresso meus olhos ao movimento das arvores e do trilho, sonhei,
estar em qualquer vagão,
será que há mais algum vagão em que poderia estar,
não sei, será que há mais algum vagão?
tenho medo de me perguntar se estou mesmo no trem,
e porque será que estou ou melhor como me deixei degradar,
como deixei envelhecer-me sobre o trilho, roldanas e nada mais alem
de carvão
que mal me permitem aquecer, pois sinto solidão.


"o trem" de Odival Quaresma Neto

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

nada



pequenino tecelão de asas brancas
tu conheces aquele que roubo de mim meu coração,
tu sabes quem me deixou só?
e agora prometes unir-me a ele se eu desejar,
e eu quero, pois estou vazia, e só tu sabes caro tecelão
quem ele é alem de mim, só...
somente tu podes, e meu coração se desespera,
pois nem tu sabes onde ele está,

quero ir até ele a todo custo
e por isto tu prometes uma fruta inflamada
capaz de tal feito,
e meu coração pulsa mais forte,
tenho expectativas.

partiu o tecelão em busca de arvores
no sol,
voou distante rumo a uma terra inóspita
voou para alem dos limites do céu
e agora já não consigo acompanha-lo.

já é tarde e mal posso vê-lo sobre o ar,
até que uma pequena chama desmancha o véu
de incertezas que eu tinha
e sinto novamente meu coração bater,
o pequenino tecelão, já não mais branco, entrega-me o fruto
e descansa,
o honrado pequenino já não é mais branco,
foi manchado pelo arder
das chamas do sol,
meu fiel amigo.

sandman nº9


domingo, 3 de outubro de 2010




Promesse de une belle paradis
c'est qui les oiseaux me "dit",
mais je ne sais pas,
dan mon oreille ça ressemble une grand mensonge.
je regarde le ciel blue et il n'y a rien,
seulement les nuages
et le horison ne me dites pas belles choses.
Donc je rêve à aller au soir à plage
une autre jour quand le chose été simple,
et je pourrais rester plus heures avec mon chéri,
qu'ais un bon oeil et du fort coeur,
mes amis je veux te dit, elle est belle comme la pluie c'est agréable.

alors me permettre fermer mon oeil
et embrasser une autre rêve avec elle.




segunda-feira, 6 de setembro de 2010



a breath of grass and dust,
on the planis of the past
we all saw ourselves burn,
but that was on old times.

if you see beyond the line,
when i be gone i'll be right there son.
the caravan want to go on west,
but i'll always be on sea on east.
my ship has to go,
tomorrow is my time to make things right,
so go my son fell sleep while me tidy
things up until tomorrow.

because i've had already told you the old stories
and it's now time to fell sleep,
no worries about me going without say goodbye,
i shall stay tonight,
tomorrow is the day which we must go separate ways,
by now you will sleep and... i will swallow some more wine.

goodbye my son that was never born,
sleep tight,
there shall not be any monsters to day,
just me besides the door.

waiting you fell sleep,
wishing i could had the oportunity to see you really sleep.


-- a litle story --
a man one day before he goes to a war,
lay down on the bed wishing no go,
guessing that he will probably don't come back
and thinking about "what if" he had left something back.



sexta-feira, 20 de agosto de 2010



rosas e luar, havia aqui um outro lugar,
mas se foi, aqui já não mais está.
neste jardim haviam rosas
e o mar era mais belo,
aqui havia boa prosa,
pois o homem empunhava menos o martelo.
hoje foi-se o sonhar,
o doce amar
apodreceu com as rosas.

haviam em todo o canto varios tipos de historias,
mas o vento levou,
as historias de roda se perderam no ar,
hoje há apenas o vinho sobre o luar,
a era dos contos se acabou.

sobrou os restos daquela doce era,
que era bela, que era bela.
sobrou o assovio dos passaros
e o canto antigo destes que relembra
a doce era que ainda perpassa por eles, aquilo que se passou,
aquilo da antiga brasa
que se apagou
e hoje é mero esquecimento.


terça-feira, 17 de agosto de 2010




olhos fechados, não desejo despertar,
mas todos devem... uma hora irão
despertar,
mas eu agora não desejo estar desperto,
estou imerso em uma doce escuridão,
cansado, comprimido por um lençol suado
reflexo de pesadelos que tive nesta mesma noite,
e ao meu redor apesar de ter a certeza de só,
ouço o entoar de canções as quais não compreendo ao menos uma parte
e ainda assim ouço com vigor cada tom, cada som.

ouço o cavalgar da minha razão que caminha em meio ao pó,
e resmunga a respeito de tempos bons,
então ouço o tropeçar antecipado de minhas insanidades,
rindo todas elas enquanto catam lírios e fazem trapaças
inocentes, sem consciência ou reflexão,
e então eu me deixo acordar ao som de gralhas,
que se reúnem em meu jardim em uma doce discussão.


sábado, 14 de agosto de 2010

o conto do bom rapaz,




todo dia antes do sol nascer
o bom rapaz levantava
e levava seu cavalo para passear,
pela areia caminhava
via o ar cantar e correr,
e antes do sol surgir o bom rapaz,
derramava duas gotas de sangue no mar,
o sol se levantava e dizia olá ao bom rapaz,
respondendo, o garoto:
"beba e lembre-se que aqui há apenas carne, e as coisas vem e vão"
subia o sol e o céu demonstrava-se vermelho-alaranjado,
este era o consentimento, esta era a aceitação.

O rapaz caminhava mais um pouco admirando a água do mar e retornava
de sua jornada. E a noite novamente ia ver o mar,
apenas ele toda noite, acompanhado de uma garrafa
sempre cheia de vinho, prostrava-se próximo da costa,
e fixava seu olhar no horizonte, apenas acompanhado das estrelas
e da lua, "tão belas",
até que na garrafa
haviam poucas gotas
e o bom rapaz deixava o mar
beber o que faltava,
por fim dizendo:
"pois hoje sou mais sóbrio que ontem e amanhã serei mais que hoje."


sexta-feira, 13 de agosto de 2010

naufrago




eu vi... eu sei que vi!
uma gaivota estava ali,
sorriu para mim e partiu,
ela foi tornou-se nuvem,
tornou-se chuva e eu a vi cair,
partiu
para o interior das ranhuras que haviam no chão,
me sussurrou que era escuro e sem fim,
eu tentei alcança-la, mas não me senti bem.

lá só havia escuridão,
mas eu sei que a vi,
eu a vi cair,
mergulhar em solo rígido
e se acomodar em um labirinto
sem fim,
eu vi, eu vi, eu vi sim!

gaivotas ao céu,
mergulhei distante em mar brando,
procurei ao sul no mar e só havia lá areia,
retornei e me deliciei com a neblina em véu,
naufraguei mais uma vez... o casco
tornou-se apenas pedaços de madeira.

então mergulhei, pois as ondas não me deixavam
sorrir para o céu acima,
fui ao fundo enquanto me empurravam,
lá havia areia e lama

e a gaivota também estava lá,
ela sorriu beijou minha bochecha,
me disse que apenas queria dizer olá,
mas tinha vergonha.


sábado, 7 de agosto de 2010




dentes podres, mandíbula já não mais tão funcional,
manco e com o corpo em aparente decomposição.
essa é a historia de um andarilho meio vazio, meio antigo,
seu lugar mais amado era um mar de areia e sal
e por lá rastejava mais devagar saboreando a solidão,
tão apreciada (aparente) solidão, pois este era ciente do quão conturbado
são as eras e o seu amigo tempo
que tantas vezes o demonstrou ser capaz de desgastar os laços
e assim como ele condenado a vagar sem destino aparente,
sempre próximo, mas distante.

e já vazio desde a muito tempo, caminhando em conjunto
com seus pensamentos e sonhos,
que agora eram descompassados, apenas restos de eras
em que havia esperança
e valia para ele sentir,
valia muito mais que a areia esvoaçante sobre o céu,
e não era demasiado esforço sorrir
em meio ao por-do-sol, "doces eras passadas",
já não há mais o doce mel
antes apreciado, há apenas as caminhadas.


quinta-feira, 5 de agosto de 2010




flocos de saudade,
eu vi senhores a doce liberdade
caminhar em meio a um mar de fogo e levantar sua saia,
mas não havia nada lá alem de mim,
a praia estava vazia
e o sol brilhava na marca do horizonte, próximo do infinito sem fim.

e lá estava liberdade, dançando distante...
longe de mim, enquanto eu olhava a saudade cair,
lentamente e se misturar a areia da praia. "que bela imagem".
fui tentando remontar aquilo que se desmanchava a minha frente.

ouvia antigos risos, gargalhadas e eu sorri
complacente, eram muito maravilhosas minhas antigas miragens...
mas era incapaz de relembra-las de todo,
e a liberdade tirava-me a calmaria e desmanchava sorrindo
minhas antigas construções sobre a areia.
maldita saudade, maldita liberdade, me fazem tão bem sendo tão diferentes,
...



...
ah... doce sereia,
doce mar azul, verde, vermelho,
não importa a cor ainda assim belo...
desejo mergulhar-me em ti estando preso,
amo-te
distante imerso em mar opaco.

sábado, 24 de julho de 2010

tango de uma perna só



ouço doces musicas sobre as ruas
e é bela a noite nua...
ah... piazzolla,
as noites aqui me tem mais valor,
quais as cores do amor,
não sei bem a cor, mas sinto falta.
oh... piazzolla,
Este vinho é doce tu sabes,
mas não acalenta a alma.

o som seco, o som belo das cordas
brincam comigo,
enquanto sonho-te
beber comigo
estes sonhos de cordas
e passos, que para mim são belos
e mancos,
pois falta-te aqui.
falta-te em mim.

ver-te sorrir...

e por isso perco-me em vinho,
usted non sabes bien... que es sí
mucho más hermoso vê-la sorrir,
piazzolla pequenino.


sexta-feira, 9 de julho de 2010




uma cama sobre a sacada eu tinha,
eu com ela ouvia
os sussurros do mundo, a lua doce amante para mim sorria,
um sorriso escondido que ela mantinha,
radiante...
todas as noites em que ela vinha
e comigo se deitava,
em minha cama se deitava,
fazendo-me dormir, sob o remexer de minha espinha
abalada pelo frio e agonia,

ah... doce culto da madrugada,
hoje doce noite faça-me beber a minha jornada,
lançar-me da sacada
em braços doces, pois hoje a lua...
não apareceu, não havia nada,
apenas tu noite pura e nua.

e ao meu lado a garrafa seca,
meu corpo seco,
a taça quase vazia
e as luzes da cidade junto ao céu.


quarta-feira, 23 de junho de 2010

approach


ba... ba... baba...
ba, ba... bababa,
assim dizia meu coração,
batia, falava, gritava de emoção.

ba... ba... baba.... ba...
ba, ba... bababa...
arritmia era o que parecia ser,
estava nervoso, bastante nervoso,
todo aquele alvoroço
ainda me era pior...eu tinha flores, o que mais poderia ter,
fui falar com ela,
e meu coração a me dizer...
ba... ba... baba... ba...
(eu a achava muito bela)
a cada passo, meu coração modificava o compasso
me aproximei e minha boca seca engolia o que iria dizer,
bababababababa.... baba.. babababa...
senti o avanço,
ela sorriu e foi colher flores com um de seus amigos,
a minha flor já colhida beijou o chão... companheiro antigo...
e eu finalmente entendi meu coração,
ba... ba... ca.


------




antigos momentos inesperados (a infância é cheia destes...), nunca tinha feito algo sobre isso.
(o titulo poderia ser também "fail flirt", mas approach é mais metaforico).

sábado, 19 de junho de 2010



sorte das crianças que desconhecem os prazeres da vida,
pois não beberam nem sangue na mão do diabo...
o doce sabor de acordar seco, fraco... morto.
ouça bem esta parodia linda,
estou cansado, bêbado... bobo.
sou parodia, somos parodia, estou torto,
sou espelho de meu ideal... caricato rodarimda.

Ah... que formosura,
descanso-me ao chão do banheiro,
sob a água nú inteiro
imaginando decepções futuras.

tropeço em desilusões,
pois é aquilo que tenho de mais palpável,
e visualizo minhas feridas, como um bom dacnomaníaco.
as gotas caem e não apresentam-me emoções.
amável choro que cai sobre mim... chuveiro amável
que derrama sobre mim suas mágoas e me conforta, pois sou seco.



quinta-feira, 17 de junho de 2010



later in night
i went on the sink,
i was unconscious, but i heard something,
i tryed to stay awake, but wasn't enough,
i fell down on the sink, i was into the pipe
trying to grab a bar... when someone turned on the tap
(it was me, trying to get rid of myself...),
i went with the water wishing wake up, all this was wrong.

going down deep on the water, i finally woke up, but in a strange place,
half dark, half green, half glue and deep in side red...
i was a swallow and my wings were broken,
i looked up and i couldn't see the ceiling.
so i started thinking about everything that happened... and i felt bad,
finally i am able to go up in the sky
see the clouds by up and inside,
but my wings
can't help me,
like i couldn't help myself on the sink.


terça-feira, 15 de junho de 2010

Reflexões de um relacionamento longo




As palavras se esvaem pelo ar
mais rápido que os fachos de sol acariciam tua pele,
vi-te a luz do dia em um dia de chuva,
senti-me chorar,
pois tiras-te minha voz ao sorrir.

o amor é reflexo dos impulsos,
queria-te,
mas já não sabia dizer-te,
conheci a ti em um dia de chuva,
mas as gotas não caiam do céu,
foi meu coração seco
que iludia-me crer em chuva,
pois amar é sentir...

Iludia-me ser chuva, ser sol.
amor é sentir ciúme
por saber não ter controle,
amei-te, agora, mais que amou-me tu
nesta singela troca de olhares.

Incompreensível amar sem conhecer,
pergunto-me porque,
mas então me dou conta de ser mais,
todo o dia redescubro-me nela,
pois a muito ela me conhecia e eu conhecia ela,
esqueci jamais,
desde o primeiro dia que a vi em um dia de sol.



(esta poesia tinha como objetivo participar de um festival...)
(dedico esta a minha pequena caracol)

segunda-feira, 14 de junho de 2010




os signos agora me confundem,
pergunto-me para onde foram as minhas palavras...

as que aqui residem não são mais elas,
perdi o tempo de vista
e junto dele se foram as palavras.
minhas palavras altivas
foram passear e esqueceram de mim,
palavras amigas,
perdi esse trem
e agora não sei coisa,
onde está coisa?
o trem onde está?
fui, foi, foram para lá...

amigos me digam,
por quanto tempo seremos
se pouco a pouco perco o compasso,
pois as palavras lentamente se descompassam,
para onde iremos amigos?
quando estas palavras apertarem o passo
e não sobrar mais significância
porque as crianças mudaram as coisas,
e a piscina não terá mais bóias
porque haverá o novo provocando me paranóia
e medo de nadar...

quero meus trambolhos, lorotas para mergulhar,
ainda que hajam novas coisas.
porque não sermos mais cadenciados...
arredios... apegados,
pois a frente há um rochedo
e não é interessante se apressar
por mais que a sereia seja bela.



quinta-feira, 27 de maio de 2010




palavras de ilusão... são meras palavras,
falsas palavras.
escrevi a noite uma carta,
menti para mim, eu mesmo falava...
Chorava porque amava,
queria sem querer...
viver, é viver... não há um porque,
menti sobre ser,
pois sonhava que era, que sou, que estava,
mas a realidade é o que é.

não sou o que escrevo,
pois estou morto... não vivo.
viver é sorrir em uma estrada vazia,
miar uma vez por dia,
mas eu não sei miar,
então terminei a carta.


domingo, 23 de maio de 2010

gastrite




flagelo inflamado que em meu corpo arde,
fazes de mim... fraco e distorcido,
podre... morto.
reclamas em mim teu valor, pois sois forte...

o azedume que senti e guardo em minha memória
é intenso, como se as lembranças estivessem vivas.
tiras-te muitas vezes meu sono,
minha fome, meu pensamento.
esvaeceu minha carne em melancolia,
pois em mim permaneces viva,
trai meu raciocínio,
e aprisiona meus pensamentos...

sois forte
e o azedume teu
torna-me podre,
escravo teu,
impotente em meu próprio berço...
fracasso.

idealizo-te fora de mim,
pois não te desejo, nem jamais te quis...
Mas sois forte ao ponto de ignorar minhas vontades,
assim apresenta-te ora ou outra... sorridente,
infame sorriso que escalda...
enquanto perambula por entre minhas entranhas,
trazendo-me dor.

(muito dramático...)

quarta-feira, 19 de maio de 2010




"ponte dos desejos..."
"é... É, é sim, a ponte dos desejos..."
caminhando sobre vales, ouvi alguém sussurrar,
ouvi diversas vezes alguém estas palavras falar,
curioso fiquei, decidir seguir os gritos,
as falas, os sussurros, os risos...
mais a cima havia uma casa simples,
na sacada haviam cadeiras e em uma delas estava um senhor...
de olhar fixo ao chão sussurrava, ria, gritava... até o instante em que viu-me.

ao ver-me aproximou-se aos tropeços,
sorridente olhou fixamente aos meus olhos
e perguntou-me se conhecia a ponte a qual falava,
dizia mais a frente estar ela,
sendo esta capaz de realizar a todos anseios,
dizia ele que cada passo dado sobre ela realizava-se um desejo.

para não contrariar tão curioso senhor finge concordar,
mas em meu interior eu brandia em risadas,
diante de tanta vivacidade segui-o até o local por ele indicado
lá havia de fato uma ponte
e quatro senhores lá estavam parados
ao aproximar-me um deles atravessou
tornou-se criança e saiu para brincar no bosque...
os outros riram contentes... aproximei-me abismado
e o curioso senhor já não estava ao meu lado.

o próximo da fila tinha uma face apática
e desejava preencher o vazio que havia em seu interior,
este era muito rico e honrado, mas sentia-se de alma fraca.
atravessou e a cada passo caiam joias parte de sua armadura...
ao fim toda sua riqueza na ponte ficara
e no outro lado havia uma belíssima moça,
com a qual este jurou amor e seguiu em busca de um bom lugar,
para constituir um lar
e viver com a moça.

o próximo desejava ter dinheiro, riquezas...
a cada passo juntava aquilo que outro deixara,
ao fim rico e feliz estava... seguiu cantarolando,
estava reconfortado...

o ultimo antes de mim desejava voltar para casa,
foi abandonado neste lugar a muito tempo por sua tropa,
desejava retornar ao seu lar,
não fazia idéia de quem era, mas queria retornar ao seu lar.
no meio da ponte sorriu e disse seu nome,
contente correu para o fim da ponte...
desaparecendo sem deixar rastros.

em um dos apoios da ponte havia algo escritos...
"vá e jamais retorne"
não sabia o que desejar,
olhei para trás e haviam diversas pessoas repugnantes,
se empurravam, trocavam injurias, todas queriam atravessar...
imaginei diversas coisas, mas não conseguia decidir,
comecei a andar, a correr e senti vontade de voar,
voei tornei-me um pássaro, a como é bom sentir,
senti-me livre,
mas ainda encontrava-me no meio da ponte,
desejei que esta deixa-se de existir...
e não olhei mais para trás.

feliz é o ignorante que não sabe desejar,
feliz é aquele que deseja o jamais,
aqueles que não sabem o que há por trás
de tudo aquilo que já ouve,

pois ao fim somos apenas animais


segunda-feira, 12 de abril de 2010

um conto rimado (sem titulo... mas rimado...)





aqueles que tem tato
e assim podem ouvir,
aqueles que não enxergam
por isso mal podem saborear, sentir.

Quero contar-lhes uma historia,
um conto sobre dias comuns,
sem arcadismos,
repleto de incoerências,
lacunas, sem solução,
pois bem, começarei de antemão.

A historia tem inicio,
no começo...
eram duas crianças,
sem vicios,
sem profundos desejos,
eram infância.
eram harmonia,
pois não conheciam o medo,
a infelicidade, a discórdia.
não havia para eles a necessidade, a esperança,
pois conviviam bem com o etéreo,
eram lembrança,
daquilo esquecido.

Mas como tudo na vida
os momentos são movimento,
sensações turbulentas, puro, intenso.
a calmaria da relação entre as crianças,
hora era intensa,
simplesmente, apenas...

e foi de uma discussão que o atrito,
sem vontade, formou-se,
forte momentâneo, crescente, intenso...
tornou-se briga, tornou-se desgastante... cansaço
formou-se
algo indesejado.

E sob a moradia em que estavam,
ouviu-se gritos, gemidos, choros... tristeza....
medo tiveram,
pois não eram eles quem gemiam,
eram leveza,
e rapidamente se esconderam.
pois as portas se batiam...
se separam,
a garota trancou-se no quarto protegida,
apavorada...
triste,
estava só não se sentia forte.

já o garoto recuo-se esperou cessar
tudo aquilo...
esperou em vão, desejou correr, fugir, escapar...
sabia não ser forte, tinha medo,
tudo era incompreensível,
saiu pela porta, tinha medo...
correu até esquecer...
esquecer...
tudo o que vivera,
não havia mais lembranças,
cresceu forte, alheio a tudo que acontecera,
achava não ter infância,
Sentia-se órfão...

a menina também cresceu...
tornou-se moça,
tinha em sua mente a memoria viva,
e por muito tempo tristeza sentiu.
crescera alheia, sabendo o porque...
estava só, sem desejar crescer.

queria reviver para sempre a felicidade passada...
a boa infância vivida.
Tudo aquilo que o garoto, já homem, esquecera,
postergara,
ao fugir,
ao correr sem remorsos sentir...

E por muito tempo a realidade foi esta...
o distanciamento,
o esquecimento,
que com o tempo logo alcançou a moça.
sem desejar as lembranças foram se tornando vagas,
até o ponto de esquecidas.

e a historia senhores por mim teria este fim...
mas não o destino, a vida é dúbia.
E este conto tem dois finais.
o primeiro fim
é este, a felicidade e a paz...
resguardada pelo esquecimento daqueles dias,


o outro fim
é de todo belo também,
pois sim...
a moça esquece o o que ocorrera também,
mas é hora do rapaz recordar,
sem perceber em um dia comum, este está a procura
de um novo lar,
um novo lugar...

e sente atração por uma velha moradia,
antiga, desabitada a muito tempo,
mas para ele instintivamente bela, uma fabulosa moradia...
esta era sua antiga morada
(previsível não), sua bela morada,
recorda ter abonado esta a muito tempo...
recorda ter conhecido uma menina,
apaixonado pela lembrança
do algo perdido...
inalcançável,
tudo muito trágico,
tudo inviável,
parte a busca dela...
mantém sua morada viva,
mas vez ou outra a busca,
a procura...
deseja revê-la,
nada mais,
há na realidade um toque de jamais,
que fere suas esperanças,
suas lembranças,
seu coração,
e por mim a historia teria seu fim aqui,
mas não é aqui
que termina...
sem emoção,
desolado, esquece a procura.
há apenas em suas memorias, revive o passado
e decide passar uns dias fora,
esquecer por hora,
já que desistiu de procurar,
de buscar...
o que lhe faltava.
foi a caça, a pesca, foi em busca de uma pequena aventura...
podem pensar que de sua pesca
trará a bela moça fisgada,
mais um engano.
quereis pensar a historia ter seu fim
assim,
romantico,
belo...


mas não
a enganação
é o ponto chave deste conto,
cansada de jornadas a moça busca repouso,
sem se dar conta,
encontra uma casa renovada
de janela entre aberta...

(desculpem-me pelo descuido)
mais foi desta forma
que pela primeira vez,
de uma vez...
na infância o pequeno rapazote pulou a janela,
não se sabe porque, mais foi assim que se encontraram...
ele e ela,
repetem-se os passos, mas desta vez é ela cansada,
buscando um descanso, uma parada...
retorna o rapaz contente,
incessante,
da caçada esta satisfeito,
de uma certa forma satisfeitos estão,
após três dias distante está revigorado,
da mesma maneira que a moça.

por acaso, sorte... não sei bem...
este abre a porta e a encontra de saída...
fugida... assustada,
não sei bem
ao certo os fatos,
se esta tenta fugir e ele a agarra,
se ela retorna e se recorda...
sei que o episódio
torna-se risada,
sei que passam a relembrar,
se dar conta
do transcorrer disto...
revivendo o esquecido, já vivido,
sob o olhar da mocidade,
na mesma moradia, em um ato de simplicidade.

longa... exaustiva, nem dormi...

sexta-feira, 9 de abril de 2010




euforia, loucura, agitação.

estranho... não há em mim...
qualquer sensação
sob a cama me encontro em repouso
incapaz de sentir...
estou mais magro, nada restou
apenas... ossos
secos, sem vida, não sei o que sou...

mas nada mais me aflige
não tenho medo, pois não há mais nada,
estou imóvel, incapaz, sem desejos...
sem calor, sem tato... sem dor,
não há mais curiosidade,
nem força ou vontade.

e ao meu a lado agora vejo
não claramente... pois ainda é noite
uma moça sem face, pálida
pela fraca claridade que atravessa a penumbra
pela janela,
assim como eu está imóvel,
não sei se infeliz... se chorosa...
apenas está lá, imóvel...

jamais pensei estar bem nesta situação,
ao fundo a luz torna-se a cada instante mais forte
percebo-me mover e cair

(como um corpo sem vida sob o chão me encontrei... mas ainda era um corpo)
acordo suado e com medo,
não de tudo aquilo que ocorreu...
durante a noite, mas por ter retornado...
poder sentir novamente... vulnerável!

era tarde... estava atrasado,
parei de chorar e segui em frente...


realidade as avessas... ou será que não...

segunda-feira, 29 de março de 2010



a impessoalidade... é o segredo,
sempre foi...
estou vivo... aqui
apenas por conta disto,
não há realidade,
nem pureza ou mesmo verdade.
há perspectivas,
a busca por vantagens...
tentativas
de fracasso, pois são entediantes as vantagens.

um mergulho em um mar de veneno
sob um barco naufragado,
feito de ferro...
o amigável é doce e apagado...
apático como a impessoalidade,
sob o racional...
transborda a imoralidade,
pois a fundo o que há é o cordial,
a irracionalidade justificada.

não há mais nada...
além do impessoal
que valha o esforço,
somos o esboço
de um fracassado natal.

- na tentativa de se viver esquecesse-se o que é certo, na tentativa de se fazer o certo esquecesse-se de viver. De qualquer forma saímos perdendo... não há vitória apenas a aceitação do fardo a ser carregado. -

doces ironias e reflexos da madrugada...

quarta-feira, 3 de março de 2010



um viajante procurava repouso...
por muitos lugares havia andado,
mas em nenhum destes havia gosto,
por ruas, cidades e vilas, caminhou... sem repouso,
estava farto da realidade que era a sua,
das dores em sua pele que ainda encontravam-se cruas...

E assim passava seus dias,
era nômade
e não restava em lugar algum por mais que três dias...
estava cansado... não suportava mais o compasso constante,
decidido.
em um pequeno lugar escolheu morar...
por ora lá era um bom lugar...
todos eram conhecidos,
se apresentavam amigos,
dóceis, com curtas presas,
tudo era simples, a vida era bela,
todos eram sutis, confidentes, amigos.

em um pequeno quarto decidiu morar...
de dia tudo que havia lá
era bom,
a melhor forma de se definir para ele o que tudo aquilo era... era bom...

por muitas noites dormiu bem...
sem medo, dormia bem...
e de pequenos sussurros as noite se encheram...
mal percebeu, mas vozes sobre as ruas, passos sobre as ruas, haviam...
mas este ignorava,
sua mente anestesiada estava...

mas com o passar do tempo este já não suportava,
olhava pela janela e não havia nada...
até que um dia se deu conta de que a vila murmurava...
as belas pessoas da vila, eram deformadas...
decrépitas... o sonho de tranquilidade
dava lugar a insegurança,
não haviam mais bondade,
rastejavam pela noite...
aquilo, aqueles que sobre o dia alegravam-lhe o peito,
sobre as ruas, como em açoite...
ao som de um frio e tenebroso vento.
desmascaravam-se estes seres.
tão belas mascaras obtiveram estes....

E o viajante já não suportava os falsos sorrisos...
os abraços, os afagos.
este deveria ir,
não suportava mais ficar,
desejava ir
e não mais voltar...
amaldiçoou o dia em que desejou tranquilidade...
foi-se e não mais retornou,
apagou-se o sonho de prosperidade...
foi em direção ao deserto e não mais voltou.







ópio diário...
afago tendencioso...
sobre o cansaço,
o infernal peso dos passos,
me refiz...

me reconstruí,
sobre as doces ruínas do que era,
do que me tornei após algumas eras...
...
....
respiro fundo...
e assim procuro em meu ser,
consistência, algo em que possa me ater,
mas tudo é novo... tudo...

dos passos...
retornei ao engatinhar,
estava cansado do rastejo, do caminhar...
fraco, sem real avanço.

meu corpo aparentemente é o mesmo.
pelo menos era não sei mais,
nada sei mais...
nada quero... nem espero.

minha memória era bela... mas está espaça...
tudo se esquece, o tempo apaga,
o ópio é o cotidiano,
esqueço o que passou, os sabores mundanos,
não me recordo mais do que gosto,
o que sou... estou reaprendendo,
tudo é novo.
e o passageiro...
parece me doce,
pois é só o que sei.


sábado, 13 de fevereiro de 2010

trocadilhos, brincadeiras ... peças
somos sapecas, somos crianças...
ah... doce infância
quero doce, quero frutas, quero manga.
tudo muda... não ligo a tragédia...
quero escalar árvore, quero manga, quero manga.

quero aquela lá em cima
quero aquela, quero aquela, quero aquela...
lá em cima
quero ela, quero ela, quero ela...

estou só... e tenho fome...
aquela árvore é grande,
mas tenho fome...
é muito grande...
e eu quero manga...
não quero qualquer uma... quero aquela lá em cima....
travessura, travessura...
risos e loucura...
está tão perto...
parece tão deliciosa... acredito...
"menino!! AI SANTO DEUS... DESSE DAI..."
olhei para trás em susto e ímpeto...
caí, gritei: aaaahhh... disse: "ai...AIaiAI"
está doendo... está doendo...
quero ajuda...
está doendo...
ah... doce aventura...

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010



feche os ouvidos...
costure a boca...
não quero ver gritos,
não quero pensamentos em suas cucas,
não critiquem, nem reflictam...
decorem, "aprendam".
quero todos quietos, desmiolados,
pois daqui, espera a todos o fracasso,
a falta de esforço,
pois serão para sempre desanimados.

o desconhecido é desgastante
o tempo demora passar, distante,
o tempo passa a todo instante,
horários, cotidiano...
sei que desejam algo mais mundano...
mas para mim os desejos seus são ultrajantes.

pois bem...
serei o professor dos senhores...
com todos os pesares e dores,
pois bem.
apresentem si, enfim...
a partir desta fileira aqui.



domingo, 24 de janeiro de 2010


Que cheiro é este...
podre, carne podre...
não, é sangue, é suor,
o lixo é podre,
eu sou isto, sou este
nojo, vicio e horror...


sou burguês e cheiro, exalo, o nojo
do consumo, do abuso
e assim saboreio o desigual...
o animalesco me excita, sou animal.
sou prazer, o descartável e o consumo...
ah... como eu amo...
ser o melhor...
estar sobre todos e pisar no crânio... de meus iguais...
somos todos animais,
tenho certeza de que vocês gostariam de estar no meu lugar.
a como é bom ser e estar...


sou ódio, adoração e louvor,
sou o apreço pelo barato,
a valorização do superficial.
o impessoal, o material,
a falta de tacto...






arpas...
ouço,
vejo monstros e dinossauros,
farpas
me levaram até aqui,
mas para que?
por que?
não sei enfim... estou aqui,

uma musica calma por meus ouvidos perpassa,
neste cenário bizarro,
pois vi monstros, dinossauros,
vi pomposos, vi rastejos...
tropeços...

vi ossos marcados pelos acasos
vi avanços e atrasos...
ossos e passado.
e a bela, calma musica minha atenção mantinha
com meus ouvidos brincava...
e todo aquele cenário com meus pensamentos bailava...
me trapaceando, enganando...
e apesar disto estava confortado,
pois tudo aquilo que acontecia...
não tinha relevância,
pois em meus pensamentos a loucura havia...

e estava confortado...


sábado, 23 de janeiro de 2010



apreço
pelo bom viver,
pelas coisas vivas...
pela boa vida,
pelo não saber ao certo o que é viver.

a vida...
é curta, breve e desengonçada.
e viver...
tropeçar é viver,
e esquecer
é parte do ser...
pois palavras quando ditas
desmancham ao vento,
e ainda assim realizam seu intento.
viver é batida repetida...
do coração que pulsa,
do pulmão que infla e traga o ar...
como o mar...
o fazia com os cargueiros em vida outra...

viver é caminhar...
em um passo lento e capenga