quinta-feira, 27 de maio de 2010




palavras de ilusão... são meras palavras,
falsas palavras.
escrevi a noite uma carta,
menti para mim, eu mesmo falava...
Chorava porque amava,
queria sem querer...
viver, é viver... não há um porque,
menti sobre ser,
pois sonhava que era, que sou, que estava,
mas a realidade é o que é.

não sou o que escrevo,
pois estou morto... não vivo.
viver é sorrir em uma estrada vazia,
miar uma vez por dia,
mas eu não sei miar,
então terminei a carta.


domingo, 23 de maio de 2010

gastrite




flagelo inflamado que em meu corpo arde,
fazes de mim... fraco e distorcido,
podre... morto.
reclamas em mim teu valor, pois sois forte...

o azedume que senti e guardo em minha memória
é intenso, como se as lembranças estivessem vivas.
tiras-te muitas vezes meu sono,
minha fome, meu pensamento.
esvaeceu minha carne em melancolia,
pois em mim permaneces viva,
trai meu raciocínio,
e aprisiona meus pensamentos...

sois forte
e o azedume teu
torna-me podre,
escravo teu,
impotente em meu próprio berço...
fracasso.

idealizo-te fora de mim,
pois não te desejo, nem jamais te quis...
Mas sois forte ao ponto de ignorar minhas vontades,
assim apresenta-te ora ou outra... sorridente,
infame sorriso que escalda...
enquanto perambula por entre minhas entranhas,
trazendo-me dor.

(muito dramático...)

quarta-feira, 19 de maio de 2010




"ponte dos desejos..."
"é... É, é sim, a ponte dos desejos..."
caminhando sobre vales, ouvi alguém sussurrar,
ouvi diversas vezes alguém estas palavras falar,
curioso fiquei, decidir seguir os gritos,
as falas, os sussurros, os risos...
mais a cima havia uma casa simples,
na sacada haviam cadeiras e em uma delas estava um senhor...
de olhar fixo ao chão sussurrava, ria, gritava... até o instante em que viu-me.

ao ver-me aproximou-se aos tropeços,
sorridente olhou fixamente aos meus olhos
e perguntou-me se conhecia a ponte a qual falava,
dizia mais a frente estar ela,
sendo esta capaz de realizar a todos anseios,
dizia ele que cada passo dado sobre ela realizava-se um desejo.

para não contrariar tão curioso senhor finge concordar,
mas em meu interior eu brandia em risadas,
diante de tanta vivacidade segui-o até o local por ele indicado
lá havia de fato uma ponte
e quatro senhores lá estavam parados
ao aproximar-me um deles atravessou
tornou-se criança e saiu para brincar no bosque...
os outros riram contentes... aproximei-me abismado
e o curioso senhor já não estava ao meu lado.

o próximo da fila tinha uma face apática
e desejava preencher o vazio que havia em seu interior,
este era muito rico e honrado, mas sentia-se de alma fraca.
atravessou e a cada passo caiam joias parte de sua armadura...
ao fim toda sua riqueza na ponte ficara
e no outro lado havia uma belíssima moça,
com a qual este jurou amor e seguiu em busca de um bom lugar,
para constituir um lar
e viver com a moça.

o próximo desejava ter dinheiro, riquezas...
a cada passo juntava aquilo que outro deixara,
ao fim rico e feliz estava... seguiu cantarolando,
estava reconfortado...

o ultimo antes de mim desejava voltar para casa,
foi abandonado neste lugar a muito tempo por sua tropa,
desejava retornar ao seu lar,
não fazia idéia de quem era, mas queria retornar ao seu lar.
no meio da ponte sorriu e disse seu nome,
contente correu para o fim da ponte...
desaparecendo sem deixar rastros.

em um dos apoios da ponte havia algo escritos...
"vá e jamais retorne"
não sabia o que desejar,
olhei para trás e haviam diversas pessoas repugnantes,
se empurravam, trocavam injurias, todas queriam atravessar...
imaginei diversas coisas, mas não conseguia decidir,
comecei a andar, a correr e senti vontade de voar,
voei tornei-me um pássaro, a como é bom sentir,
senti-me livre,
mas ainda encontrava-me no meio da ponte,
desejei que esta deixa-se de existir...
e não olhei mais para trás.

feliz é o ignorante que não sabe desejar,
feliz é aquele que deseja o jamais,
aqueles que não sabem o que há por trás
de tudo aquilo que já ouve,

pois ao fim somos apenas animais